quarta-feira, 31 de outubro de 2012

A lenda do Uariuant

Era dia já quando resorvi alevantar da cama. O sol ardia arto, e eu era só mais um véio ensopado dono de uma prantação de aipim. Criava algumas galinhas também, num galinheiro imporvisado, como era uma lonjura da cidade elas viviam mais sortas do que presas. Do lado do meu sítio tinha a fazenda do Lutiér Vicentão, Pino no Ombro, porque ele tinha pobrema de articulação... Dono dum baita bananal.
Abri a janela e oiei pra fora, praquela prantação bunita, vi que não ia ter muito trabáio. Meu Gurgel Xavanti, modelo de 74, tava na garage, sempre pronto pra uma aventura até a venda. 
Andei pra fora, tava indo pegar o ancinho, pra catar umas fôia e juntar o mato que tinha capinado onti, quando veio a Gertruda, minha companhêra de sítio, vira lata gorda, tarvez ela tivésse se apercebido que eu tava levantando mais tarde...
Tinha juntado o mato e tava oiando os aipim quando a Gertruda começou a dá pinote e se arvoroçá acuando pra tudo que é lado...
Tá. Comecei a oiá em vorta, num via nada, num via nada... Até qui vi um bicho estranho em um galho numa árvore me oiando também, era meio pequeno do tamanho de um leitão tarvez, tinha uns olhão graúdo de pexe e bem cororido, umas pata de galinha, também graúda... Nunca tinha visto nada parecido com aquilo, ele começou a fazer um som meio de pássaro e abrir a boca saracoteando com a língua... A gertruda tava que nem loca correndo em vorta na prantação acuando...
Pareceu um estalo. Que nem quando a gente cochila. Acordei era no meio da tarde, a Gertruda me lambendo a cara e eu deitado do lado da prantação, parecia dismaiado.

Depois desse dia confesso que fiquei com medo. Cunversei com o Vicentão sobre o acontecido, e fui comprá uma surda pra mim... Sabe? Pau de fogo? Pra ispantá esses bicho que parece assombração...

Depoimento verídico de Abedilia Inácio da Silva

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