domingo, 29 de abril de 2012

Foi

Um pássaro bicando o vazio; Quando sente as gotas de chuva, ele foge. Se refugia no abrigo de um abraço. Sua mãe, seus medos. Debaixo do telhado de amor, nenhum dos dedos gelados o alcança.
O pássaro veste um chapéu. Com a bengala de cavalheiro, afugenta um gato maroto que tenta leva-lo pro inferno.
Mas pra lá ele não volta. Agora ele é livre, é poeta; desaprendendo a voar, deixou de ser prisioneiro do céu.
Por isso bicava o vazio - queria acordar o pássaro de novo. Mas seu bico virara dentadura. Os lábios rachados sopravam um cansativo assovio, em vez do velho trinado.
Mas é assim; um homem paga o preço por suas escolhas. "Homem"! Engraçado chamar-se assim, ele que há pouco era pássaro. Saudade desse dia até havia, mas o vento entre as penas não era melhor que o calor por entre abraços.
Agora, mais do que nunca, precisava deles. Pensava nisso quando pisou na grande poça que o fez despertar.
Olhando em volta, viu que ainda era pássaro. Mas agora era diferente! Na experiência de homem, decidiu ter um ofício: cobraria para cantar. "Claro!", pensou ao decolar. Lá em cima no céu, decidiu subir na vida.

5 comentários:

  1. =D

    Botei os links que tinha pensado em mas esquecido ^^

    ResponderExcluir
  2. Belo e inspirado trabalho, meu caro! Parabéns!! Excelentes os links também! Um conto "Pinkfloydiano", eu diria.

    Forte abraço... e que a sensibilidade nos acompanhe!

    ResponderExcluir
  3. Valeu, mestre! Haha, um dos links não chega a ser excelente, mas certamente é "diferente" hahah.

    Forte outro abraço! Sensibilidade e coragem x)

    ResponderExcluir